domingo, 17 de maio de 2015

É preciso amar a vida!


Um dia desses recebi um e-mail de uma grande amiga:
“Querida, estou de volta desde ontem. Como havia dito, o estado de saúde de minha Santa Mãe, não estar nada bom, precisou ser internada e desde então o quadro se agrava. Ainda consegui ficar mais uma semana.
Enfim, cheguei ontem, coração partido, difícil ir embora numa situação dessas, antes de partir foi necessário levá-la para uti,  a função renal piorou muito, além disso, ela não consegue mais respirar por conta própria, continua lá por tempo indeterminado, muito líquido no pulmão. As visitas são limitadas, tive que partir... Voltar ao trabalho. Me reencaixar na rotina da vida difícil, diante da possibilidade de perdê-la!”
“Confesso que diante de mim, vi um lindo trapo de mulher que de tão bela e delicada que sempre foi (continua sendo), seus traços de envelhecimento ficaram ocultos numa vontade desesperada de viver até não suportar mais a atmosfera terrestre. Penso que minha Santa Mãe, tem nos educado sempre, e ainda hoje nos educa sobre o grande valor da vida e da fé, e que, em qualquer situação, vale a pena lutar por ambos. Percebi que Viver, para ela e outros poucos, é uma oportunidade dadivosa e um grande presente divino”. 
 “Penso que Mamãe não tem medo de nada! Quisera eu ter a coragem de lutar bravamente todos os segundos para conseguir apenas um gole de ar. Respirar, e ao abrir os olhos, ter alguém que lhe segure a mão e lhe sussurre ao ouvido. 'Eu estou aqui!' Só para esboçar aquele leve e cansado sorriso de amor! Só sei que Mamãe se despede aos poucos e com uma delicadeza tão grande, como a de quem não quer magoar os seus mais queridos amores!”

Li e reli estas palavras, e ainda hoje continuo neste exercício de leitura, talvez com um intuito de compreender este sentimento e com isso, encontrar uma reflexão apropriada para alguém tão especial.
Sei que o tempo é implacável, é preciso saber viver, saber sobreviver, saber envelhecer!... Como nos ensina Buda até hoje, “Tudo muda!”
Ah, e são muitas as transformações, no corpo, na mente! Como a vida, temos também a morte... Como a flor que desabrocha, temos o sorriso que ilumina, o sol que aquece, o silencio que fala, a voz que cala... E assim, precisamos aceitar a face que envelhece, a mão que enruga, o pensamento que amadurece, o corpo que endurece, a vida que encurta... Enfim, o passo cada vez mais lento, que representa uma vida inteira corrida, mas agora sem pressa, lentamente... Presente!
Bem sei que tudo passa, tudo corre, tudo morre... Porque a morte nos parece o fim? Além do mais, não acredito em mortes como sendo o fim, e sim um recomeço!?... E o que fica? Se não as lembranças de momentos inesquecíveis e felizes aprendizados que nos ligam para além da eternidade? Será que isto já não nos basta?
Deveria bastar, o lance é que não queremos ficar longe de quem amamos, pelo menos não tão longe! Tá, mas será tão longe assim? Francamente, eu não sei dizer.
Por isso, também penso que daqui a pouco, no tempo do Universo, sua linda Mãe vestirá outras roupagens ainda mais dignas de sua beleza celestial, e irá viver novas aventuras! A gente, por causa da ignorância, fica assim, vivendo velhas aventuras, por pura teimosia e medo.
O que precisamos fazer? 
Talvez... Seguir tocando os dias pela longa estrada, apreciando novos caminhares! Novos saberes, novos sabores!
Minha vontade neste momento é de continuar escrevendo e compartilhando este sentimento nutridor da alma. Mas, na verdade, preciso parar de escrever porque não consigo parar de escrever... Será que me entendem?? 

Então, o que me dizem, depois desta leitura?
O que te move?